Charretes (Uber atuais)

Vi uma foto e voltei no tempo. O ano era 1960, a foto era de charretes. 

Essas charretes da minha cidade, Rio Claro, foram os embriões dos Ubers atuais. O serviço era transporte particular, como os de hoje. Na época não existiam telefones celulares, e os telefones fixos poucas pessoas possuíam, então para contratar o serviço era necessário ir até o ponto, onde ficavam as charretes, e combinar com o charreteiro o dia e a hora para ele ir buscar em casa.

Nesta volta no tempo vi, eu, e meu irmão ainda crianças, meus pais subindo na charrete para irmos até a estação ferroviária, para embarcar no trem, que nos levaria para um passeio na cidade de São Paulo.

Era madrugada ainda escuro, um pouco de neblina, um friozinho.

A mãe, o pai e o condutor, (o Uber), ocupavam o banco da charrete. Meu irmão menor ia no colo e eu sentada no chão, aos pés do pai, com o rosto muito próximo do rabo do cavalo. Lembro que tinha medo do cavalo.

Fazia muito barulho as patas do animal, batendo nas pedras da rua, que não era asfaltada, toc, toc, toc.

Naquele dia, aconteceu algo que me fez chorar. O cavalo, sem cerimônia, fez xixi e cocô, em pleno serviço. Eu, estando muito próxima, senti o odor e, com meus 8 anos, fiquei indignada, revoltada, enojada.

Hoje posso dizer que perdoei o animal, que deixou na minha memória essa lembrança tão linda.


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