Vê, da janela, o contorno obscuro daquele
a quem mais ama.
Toma o café com pão, obtido a centavos,
e retrocede diante da vida.
É engolido pelo buraco negro das indecisões.
Adia o banho,
os outros filhos,
a reunião.
O banho, disfarça com roupa limpa.
Os outros filhos estão na creche,
comendo restos do capital alheio.
A reunião? Dá um jeito de chegar.
Sabe dos perigos disfarçados
dentro de um aperto de mão.
Poema criado com inspiração na fotografia de Marc Riachi, da série “Silhueta”.
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