Diariamente somos surpreendidos por uma série de acontecimentos, que, garantidamente, faz com que indiretamente percamos um pouco de fé na própria humanidade. Quando ligamos a televisão ou até mesmo no celular, tomamos mais sustos do que se estivéssemos assistindo a um filme de terror. No meio disso tudo, a cada dia que passa, nós nos distanciamos de uma ideia de “esperança”. Nossos questionamentos caminham sempre juntos: “Quando isso vai mudar?”, “não tem mais jeito!”, “estou cansado disso tudo”.
Situações mais horríveis do que as criações mais perturbadoras dos mestres do horror são difundidas em massa a cada momento. Até parece que as notícias boas foram tirar férias em algum lugar distante e vão demorar para voltar. E, quando voltam, não é dada a devida importância para o seu retorno, talvez por estarmos ocupados demais, pensando nas coisas ruins. Soa como uma brincadeira de mal gosto, saber que no próximo dia péssimos acontecimentos virão à tona mais uma vez.
No tempo em que conversas mais parecem monólogos e sua credibilidade é medida conforme o número de seguidores que você tem nas redes sociais, o afastamento da boa convivência é algo quase que natural. Nos preocuparmos com o próximo é a última coisa que temos feito, até porque estamos ocupados demais com os nossos próprios problemas pessoais.
Qual foi a última vez que você teve uma boa conversa com alguém pessoalmente? Será que não está deixando passar momentos preciosos, se esquecendo de dar a devida importância a pessoas que fazem parte da sua vida de maneira significativa? Quando você vai perceber que o tempo passa para todos e alguns não têm mais tanto tempo de vida quanto você? Quando você se lembrou de dar algum presente, mesmo que simples, apenas porque se lembrou de um amigo?
No momento em que começam a falar de suas ansiedades, parece até um pesadelo, um fardo, não existe mais aquela preocupação sincera ou pelo menos o mínimo de respeito, ou consideração para ouvir. Acho que, no final, as pessoas não estão mais conseguindo ouvir a si mesmas. Está acabando aquele precioso tempo de dar risadas até a barriga doer. Se até em um aplicativo de mensagem temos a opção de ouvir os áudios mais rápidos para economizar tempo, quem dirá combinar com os colegas para jogar uma conversa fora nos finais de semana…
Já está ficando difícil achar aquele que ajuda sem esperar nada em troca, ou até melhor, aquele que ajuda. Mas é fácil encontrar alguém para atrapalhar. Quase não cremos mais em nossos sonhos, imagina então no sonho dos outros. Quando você se lembra de ter apoiado alguma pessoa a viver ou ir atrás de um sonho? Será que no meio dessa caminhada você ficou tão revoltado a ponto de não querer saber mais nem do que está acontecendo ao seu redor?
Hoje em dia, ter esperança é um ato de rebeldia. Remar contra a corrente de pessimismo que impera no ambiente e nos pensamentos. Não é ficar cego, muito pelo contrário, é abrir os olhos. Abrir os olhos para as possibilidades mais radiantes que podem acontecer se você simplesmente acreditar. É achar um vaga-lume escondido dentro da mochila, encontrar uma direção quando se está perdido.
É tão bom quando nós temos a oportunidade de confiar nas pessoas, de conversar com interesse e olhar nos olhos quando se conversa. Ser a mão que ajuda a levantar aquele que está caído, ser a palavra doce para afastar o amargo da vida, acreditar quando todos duvidam.
Quantas vezes você já esteve sozinho e gostaria que alguém te consolasse? Nem que fosse um simples “vai ficar tudo bem” ou até mesmo um “não se preocupe, vai dar tudo certo!” No nosso modo um tanto quanto egoísta de enxergar o mundo, acabamos deixando de lado esse tipo de coisa. Acabamos deixando ir embora aquele que só precisava ser ouvido, não ajudamos a colar os pedaços daquele que se quebrou e tampouco tentamos acordar aquele que está adormecido.“Ah, ninguém me ajudou quando eu precisava!”, pode até ser, mas é por isso que eu sempre digo às pessoas com quem convivo: não devemos ser iguais, precisamos ser melhores. O mundo já está cheio de pessoas iguais. E o melhor disso tudo sabe o que é? Não custa nada!
Deixe um comentário