Dia qualquer

O requinte que passo esses dias tem a impressão de um olhar contemplativo de Alfredo Volpi esculpindo nas tintas suas bandeirinhas. Por mais que essas sombras da estética se desgastam em combinações de cores e traços, as linhas em viés não alcançam esses dias de pura existência.

A branda visão esquelética do meu ser deixa no silêncio o rastro vertiginoso do intervalo capturando no tempo e assinando o rodapé do jornal. Notícias do cotidiano comum longe da alma, inferno contemporâneo que se repetem a cada segundo só para sustentar que também faço parte desse tédio violento, mesmo no anonimato encontro entre a guerra e o tráfico meu rosto pálido marcado por olheiras, despercebido querendo morrer e também querendo matar.

Crimes atraentes do capital mordaça envenenada sob compras de metralhadoras do primeiro mundo e do ópio virtual ao meu ser consumidor efêmero e rápido.  

Signos como esses, são comuns ao meu corpo, tenho o peso de existir porque tenho o peso das metralhadoras que na sua potência não apontam para minhas costas e nem para o meu sexo, apenas prometem acompanhar-me com o mesmo olhar de um zumbi que na sua insônia engole o amargo da sua nudez e da sua solidão e, tem consciência do medo e da perseguição.

 De frente para o crime e de frente para os pincéis de Alfredo Volpi, será que devo seguir?


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