Autora de Um Defeito de Cor é tema do Prosa Literária

A Prosa Literária realizada pela Sociedade Vozes Literárias no sábado, 9 de agosto de 2025, estudou a vida e obra da escritora Ana Maria Gonçalves, autora de “Um Defeito de Cor”. Participaram do encontro escritores e demais interessados no tema.

“A literatura pode muita coisa, mas não pode nada sozinha” 

“A literatura de ficção nos possibilita isso através do contato com outros mundos (exteriores e interiores), com dramas, alegrias e tragédias, com culturas às quais não teríamos acesso de outra maneira. A partir desses locais de alteridade, podemos imaginar também novas possibilidades e transformações no mundo ao nosso redor. Para isso, para um mundo em que haja maior representatividade e, consequentemente, mais entendimento e possibilidades, acredito que novas histórias precisam ser contadas. Histórias que fujam à produção hegemônica do mercado editorial brasileiro composto, em grande maioria, por homens brancos, héteros, classe média ou média alta, de grandes centros urbanos do Sudeste, escrevendo sobre seus próprios universos ou sobre universos e personagens que, sendo-lhes distante física ou emocionalmente, muitas vezes são representados de maneira estereotipada e/ou exótica.” 

O trecho acima é de uma entrevista concedida por Ana Maria Gonçalves à Fundação Pedro Calmon, em 2015. 


Sobre a autora:

Nascida em Ibiá, Minas Gerais, em 1970. Publicitária de formação, morou e trabalhou em São Paulo por treze anos antes de se dedicar integralmente à literatura. 

Sua obra de maior destaque é o romance Um Defeito de Cor, publicado em 2006. O livro narra a saga de uma mulher africana escravizada no século XIX, que luta para reencontrar seu filho no Brasil. 

No entanto, foi sua monumental obra de 2006, fruto de dez anos de pesquisa, que a consagrou. O livro, um romance-histórico, reconta a história do Brasil sob a perspectiva de uma mulher africana chamada Kehinde, levada como escrava para o país no século XIX. Por meio de suas memórias, o leitor acompanha eventos históricos como a Revolta dos Malês e a vida de personalidades como o abolicionista Luiz Gama, filho da protagonista na ficção. 

Além de sua produção literária, Ana Maria Gonçalves também se aventurou na dramaturgia, escrevendo as peças teatrais “Tchau, Querida!” (2016) e “Chão de Pequenos” (2017). Sua atuação no meio cultural não se limita à escrita; ela também se destaca como curadora de projetos e professora de escrita criativa, utilizando sua voz e seu trabalho para a difusão de debates sobre literatura e questões raciais, consolidando-se como uma das vozes mais importantes e influentes da literatura brasileira contemporânea. 

Em 2025, Ana Maria Gonçalves fez história ao ser eleita para a Academia Brasileira de Letras (ABL), tornando-se a primeira mulher negra a integrar a instituição. Sua escrita se aprofunda na história e na cultura da diáspora africana nas Américas, abordando temas de escravidão, identidade, racismo e resistência com uma perspectiva intimista e de intensa pesquisa.


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