Quem dentre nós não gosta de um abraço?
Duvido que exista!
Mas se alguém afirmar que não gosta, pode ser, como provavelmente é, que ainda não o saiba fazer. Sim, existem pessoas que não sabem dar um bom abraço. Claro, não por maldade ou má vontade. Provavelmente, pelas correrias da vida. Estou falando daquelas pessoas para as quais às vezes dizemos “Abraça direito!”
Para um bom abraço é preciso arrumar tempo! Arrumar tempo e querer aprender.
O abraço, que abraço não é, não encosta coração no coração. Os braços vêm e vão muito rapidamente. Repara! Estes tais, podem ser vistos por toda parte como mera formalidade, em encontros entre conhecidos e até mesmo, pasme, entre amigos e entre familiares.
Deixe-me explicar! O abraço verdadeiro, não se faz somente por descansar os braços em torno de alguém. Abraçar, é bem mais do que isso. Abraçar envolve sorriso, coração batendo forte, aperto, alegria e às vezes até tristeza. Por que não? Até mesmo tristeza, mas principalmente aperto. Em suma, para abraçar de verdade é preciso sentimento. Sentimento, tempo, entrega e aperto.
Conta-se que o abraço surgiu há aproximadamente seiscentos anos, nas sociedades primitivas, pela necessidade de criar vínculos. Mas penso, que o abraço surgiu mesmo, da necessidade de materializar um vínculo que já existe dentro da mente, dentro do coração. Quando tudo que se sente não cabe mais no olhar e nem nas palavras.
Sabia que existe uma data especial para comemorar e dar abraços? Aqui no Brasil, o dia do abraço é em vinte e dois de maio. Dizem que este dia surgiu em dois mil e quatro por conta de uma situação ruim que acontecera com um rapaz chamado Juan Mann, nascido na Austrália, mas que vivia em Londres.
O fato, é que após um término de relacionamento, Juan queria se sentir bem, fazendo o bem. Então resolveu espalhar abraços pelas ruas por onde passava. Carregava um cartaz que dizia “free hugs“, que traduzido lê-se “abraço grátis”. No começo dessa proposta, houve total estranhamento, mas depois, muitas pessoas aceitaram seu abraço e sua história se espalhou como folhas ao vento por meio de vídeos na internet.
Tal atitude de querer compartilhar abraços com quem encontrasse, foi o ponto de partida para que surgisse o dia do abraço pelo mundo todo. Assim, podemos afirmar que o abraço verdadeiro, nasce de diversos motivos. Até de algo ruim, pode surgir um abraço bom!
Entre textos e contextos, li que, muitas vezes, o abraço também nasce como uma forma de proteção. Como símbolo de carregar para dentro de si, tudo o que o outro precisa que seja carregado. Que o abraço de proteção nasce para amenizar dor e saudade. Para dar ânimo e trazer novas esperanças, para compartilhar paz.
Li também sobre o abraço de vitória, de conquista. É aquele que nasce quando se comemora com alguém algo fenomenal que aconteceu. Quando se abraça e se levanta o outro lá no alto! Às vezes, até surge um rodopio regado por gostosas gargalhadas.
Ah! Como é bom este tipo de abraço!
Outro dia fui pega de surpresa. Era aula de matemática e estávamos conversando sobre as adições nas ordens das unidades e dezenas. Após tudo muito explicadinho, foi dado o tempo para que as crianças se pusessem a prova. Era momento de fazerem as adições sozinhas. Depois do tempo combinado, fizemos a correção na lousa. A cada conta resolvida por mim, ouviam-se comemorações como esta:
“Consegui! Consegui! Até que foi fácil, eu acertei!!
Parabenizei os que conseguiram, consolei os que ainda não haviam conseguido e então sentei-me para fazer as anotações, para posterior registro reflexivo. Foi aí que fui surpreendida por um “Prô!”
Quando me viro para o lado, um abraço.
Um abraço de verdade.
Um abraço apertado.
Assustei até! Perguntei o que tinha acontecido. A resposta foi “Estou feliz porque consegui fazer, acertei tudo!”. Era um abraço surpresa de comemoração.
Quando menos espero, atrás dessa criança, vejo se formando, criança após criança, uma pequena fila. Era a fila do abraço! Todos estavam ali. Os que conseguiram e os que não conseguiram (ainda) realizar as atividades. Todos estavam solicitando e ofertando um abraço.
Confesso que fiquei preocupada (pelos tempos atuais), com ter sido certo ou errado recebê-los assim. Então, claro, fui ler sobre isso. Li que sem afeto pouco se ensina. Que o abraço para as crianças é como acolhimento. Que gera confiança. Que ensina empatia e respeito. Que é uma forma de apoio. Que um professor, pode dar e receber.
Aliviada, fiquei feliz por ter me rendido à fila. A fila surpresa. A fila do afeto, do apoio, do acolhimento, do abraço de verdade. A propósito, aos que ainda não sabem abraçar, ou melhor, que se esqueceram de como se faz, aconselho. Tente (re) aprender com uma criança!
Aproveito para confessar, que com aquela fila, descobri o que nem sequer tinha percebido. Descobri que não eram apenas as crianças que precisavam de um abraço naquele momento, eu também precisava. Mesmo estando bem, me senti tão melhor!
Na busca por compreender com profundidade tal sentimento, li que o abraço promove a diminuição da ansiedade e melhora o humor, pois libera o “hormônio do amor”, cientificamente chamado de oxitocina. Assim, dentre tantos benefícios que propicia, o abraço tem realmente o poder de nos mudar. Acredite!
Não sei se você é daquelas pessoas que pensam que não têm tempo para abraçar, se é das pessoas que dão abraço surpresa, como as crianças dão. Se é daqueles que abraçam rodopiando e dando altas gargalhadas… Não sei, mas com o que sei te pergunto com a intensão de te levar ao ato:
“Já abraçou seu filho ou filha hoje? Abraçou seu pai ou sua mãe? Seu irmão ou irmã? Abraçou seu melhor amigo ou amiga? Abraçou sua garota ou seu menino?”
Não existe qualquer necessidade em esperar o próximo dia do abraço. Invente seu dia do abraço! Invente, um dia, sua fila do abraço. Ou abrace todo dia. Toda hora que puder.
Aprendi e disso sei. O abraço é remédio para a mente e para o coração. Ele te reconstrói. Te dá ânimo e força. Na pior das hipóteses, te faz tão somente sorrir.
Falando em sorrir, um dia desses recebi outro abraço tão inesquecível quanto os abraços da fila do abraço. Abraço desses que faz o coração ficar vibrante. Esse recebi do…
Bom, isso é história para outro dia. Fiquemos com a memória da belíssima fila do abraço. A fila que ensina. A fila que aprende. A fila que acolhe.
Até mais!
… E para você, um abraço.

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