Bênção

O trem da história está passando…
Já há alguns meses esta tem sido
minha frase preferida.
Isso porque ela representa
um mo-vi-men-to
que mexe em uma profunda ferida:
ver o tempo passar
e a literatura ser esquecida.

Bons ventos me dizem, agora,
que é preciso pegar esse trem
que passa apenas
uma vez em nossa vida.
Que é preciso ocupar um bom lugar,
embarcar nele enquanto é tempo,
antes que os bancos se encham
e seja tarde demais
para sentar na janelinha
e vislumbrar novas paisagens.

Um pouco fada, um pouco bruxa,
prevejo bons tempos para nossa arte.
Mas é preciso embarcar
no trem da história
e tomar assento
para ver o sol poente.
De preferência, junto ao maquinista,
para conduzir esta máquina potente
sem descarrilhar
ou tomar rumos indesejados.

Somos passageiros,
mas antes de tudo,
somos senhores das letras,
não há que esmorecer.
É preciso trabalhar com afinco,
sentar na cabine do trem da história
e deixar nossa marca de luta,
de resistência,
para escrever o futuro com glória.
No mais, Deus há de nos abençoar!