A poética do siso

Cheguei aos trinta e agora?
Começa ou termina minha história?
Na verdade, tenho muito o que viver
Um vasto caminho a percorrer

Nem tão longe, nem tão perto
Mas com o coração mais aberto

A vida não é uma lista de compras
Equilibrar todos os pratos
Com as pernas e os braços
Só pode ocasionar um tombo

Aos nascidos em 1995
Apresento-lhes uma solução
Não é tão simples quanto parece
Mas é o que me apetece meu coração

Acalmem-se jovens senhores!

Trinta não é o fim do livro
É só um novo capítulo que se abre
Com menos medo do escuro
Com mais sede de verdades

Já não busco quem eu fui um dia
Mas abraço quem agora me guia
Me olho no espelho com mais leveza
Consigo enxergar tamanha beleza

Não é sobre ter tudo resolvido
Nem viver sem caos e conflito
É saber que tudo vai e vem
E que mesmo na dor algo sempre nos refaz

A impulsividade virou lembrança
O bom senso agora, dança

O dente do juízo nasceu
Com ele a consciência de quem sou eu
Nem perfeita, nem constante
Mas inteira mesmo que cambaleante.

Aos vinte queria tudo
Aos trinta mudei de rumo
Entendi que estar só não é estar vazia
É só espaço limpo para nascer poesia

E por falar em poesia
Percebo que nunca me abandonou
Por mais que eu pensasse estar menos poética
Ela sempre me acalentou

Nos dias difíceis foi ela que me salvou
Nos dias agradáveis foi ela que me abraçou
É como se eu tivesse de mãos dadas
Com a poética dança das letras

Por isso sempre exalto a importância da leitura
Pois sem ela
Não há quem escreva
Não há quem coloque palavras na mesa

Quando a pseudo-velhice vai chegando
Os amores vão nos deixando
Os amigos vão se afastando
E os livros nos extasiando

Às vezes me sinto só
Porém, com pitadas de leitura
Goles de café
E um pouco de aventura consigo me reerguer

Quem chega aos trinta
Percebe que a essência se sobrepõe à aparência
Que o diálogo é fundamental
Mas o silêncio é primordial

Agora trago um impasse
Tiro o dente do juízo
Também conhecido como troféu da maturidade
Ou deixo o crescer até inflamar de verdade?

Esse dente chegou para rasgar as ilusões da juventude
Fechando a porta da adolescência tardia
Rompendo o conforto com maestria
Lembrando da importância da saúde

Podemos ter inúmeras virtudes
Mas sem ela nada floresce
Você pode ter tudo
Sem saúde não há mundo

O dente do juízo é semente que rompe carne
Para lembrar que crescer exige coragem
E que esse momento é só mais uma passagem
Que nos traz à tona a possibilidade da sabedoria

Ninguém se torna sábio da noite para o dia
Ninguém passa pela vida ileso
Todos somos pecadores natos
Por isso ao amadurecer erramos menos

No brilho dos trinta, encontro a luz
Que ilumina o meu andar
Trazendo esperança ao amanhecer
E poesia no meu caminhar…

Assim sendo, termino esse texto poético
Com a clareza de que chegar aos trinta
É um convite à vida: crescer, a sonhar e a se reinventar,
A celebrar cada instante e se permitir errar.
Pois trinta é só o começo de um longo despertar,
Onde o coração aprende, enfim, a se escutar.


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