‘A porta e o tempo’, de Millo Ribeiro

O que fazer quando as palavras nos invadem como um rio que transborda da alma? Quando elas se instalam entre os sentimentos e os sonhos, moldando em silêncio o que ainda não sabíamos sentir? Não há resistência possível diante da inspiração — essa força sutil que se infiltra nas frestas do cotidiano e transforma o banal em beleza.

Ela está em tudo: no gesto simples, na lembrança adormecida, no olhar que se demora. Teima em permanecer viva, ecoando nos versos que florescem entre pensamento e atitude, entre o impulso e o silêncio. Surge do encontro entre o ser e a própria fragilidade de existir, dessa consciência de que viver é, ao mesmo tempo, maravilha e incerteza.

E talvez seja justamente aí, nesse espaço delicado entre o sentir e o dizer, que a poesia se revela — como uma forma de compreender o mundo, ou, quem sabe, apenas de respirar diante da complexidade da vida.


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.