Cidades de papel

Enquanto você sangrava
fazia sangrar
as outras pessoas também.
De tanto tentar se esconder
de seus defeitos
acabou assim
me envolvendo como parte deles
o que fez isso
o maior de todos.
Não existe culpa
e nem remorso
apenas doeu
quando tive que tirar
os seus espinhos
dos meus dedos
com o alicate.
Mas depois
de muita paciência
eu consegui acabar
me livrando de todos
mas tenho certeza
que pelo menos algum
deve ter conseguido entrar
pela minha pele
para tentar
perfurar
meu coração.
Quando me dei por conta
já tinha aberto demais a porta,
assim,
você pôde sair
em silêncio
mas sempre soube
que você era mais que isso
e preferiria pular a janela
talvez por gostar do drama
ou do estrago.
Sabia que quando se quebrasse
eu estaria disposto
a juntar todos
os seus pedaços
por que você era
como um vício escancarado
que eu não fazia
questão nenhuma
de esconder.
Você deve imaginar
o quanto é necessário
para me tirar do sério
mas você conseguia
sem muito esforço
sem muito alarde
com muito gosto
mas que no final
a simpatia
da minha frustração
bailava solene
com o seu orgulho
de boneca.
Sempre quis viver em paz
mas o seu amor
é uma guerra
que procuro ficar longe
mas sou sempre
arrastado de volta
e cada vez
que isso acontece
o estrago acaba ficando
cada vez maior
em minhas cidades de papel.


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