Ela já não acreditava em Papai Noel. Como ele poderia entregar algum presente para quem morava em apartamentos? Além disso (pensou ela), aqui não tem nenhuma chaminé. Sua casa, um pequeno apartamento no décimo andar de um prédio cinzento, parecia tão distante daquela imagem idílica de Natal que ela via nos filmes: casas de madeira, neve caindo e uma lareira crepitante. Em vez disso, ela só via concreto e mais concreto, e o único som que ouvia era o barulho dos carros na avenida lá embaixo.
Mas, por mais que tentasse se convencer de que era tudo bobagem, uma pontinha de esperança ainda persistia dentro dela. Afinal, quem não gosta de receber presentes? E o Natal, com toda aquela magia, era a época perfeita para isso. Cada vitrine decorada, cada luzinha piscando, reacendia algo em seu coração. Apesar de tudo, o espírito natalino conseguia infiltrar-se em sua mente cética.
Na véspera de Natal, enquanto seus pais decoravam a árvore, ela observava tudo com um misto de curiosidade e descrença. A árvore, um pinheirinho artificial e minúsculo, parecia perdido no meio da sala. Onde é que o Papai Noel ia colocar todos aqueles presentes? Sua mãe pendurava os últimos enfeites com um cuidado amoroso, enquanto o pai ajustava o pisca-pisca para garantir que todas as luzes estivessem funcionando. O cheiro de biscoitos recém-assados preenchia o ar, evocando memórias de natais passados, mais simples e mais felizes.
Naquela noite, ela teve um sonho estranho. Sonhou que o Papai Noel, em vez de renas, usava um jetpack para voar entre os prédios. Ele entrava nos apartamentos pelas janelas e deixava os presentes embaixo das árvores. Ao acordar, a menina riu da própria imaginação. Mas e se, por um acaso, fosse verdade? O sonho parecia tão real, quase podia sentir a brisa fria da noite em seu rosto enquanto assistia ao Papai Noel sobrevoar os arranha-céus da cidade. E se Papai Noel realmente tivesse um jeito secreto de entrar?
Na manhã de Natal, ela acordou antes de todos. Ela saiu do quarto, apressada, imaginando quais presentes o Papai Noel deixara embaixo do minúsculo pinheirinho que estava na sala do apartamento. Seu irmão caçula já estava rasgando os embrulhos. Ela sorriu e juntou-se a ele.
Correndo pela sala, com seus olhos arregalados, viu que embaixo da árvore havia vários pacotes coloridos! Não podia acreditar! O Papai Noel havia vindo! A menina sentiu uma alegria imensa. Talvez o Papai Noel não fosse exatamente como nos filmes, mas ele existia de alguma forma. E isso era tudo o que importava. Ver a felicidade nos olhos de seu irmão mais novo e sentir o calor familiar ao seu redor fazia com que todas as dúvidas sobre a magia do Natal desaparecessem.
Com o coração acelerado, ela começou a abrir os presentes. O som do papel rasgando e as exclamações de alegria preencheram a sala, tornando o ambiente magicamente animado. Cada presente era desembrulhado com uma sensação de surpresa e gratidão.
Entre os embrulhos havia um livro de sua série favorita, um jogo de tabuleiro que ela queria há meses e um bilhete do Papai Noel, escrito à mão. No bilhete, o bom velhinho dizia que havia usado um pouco de magia para entregar os presentes e que esperava que ela gostasse. O bilhete, escrito com caligrafia elegante, parecia brilhar sob a luz das decorações natalinas.
O dia continuou cheio de risos e histórias. Ela e seu irmão passaram horas jogando o novo jogo de tabuleiro, enquanto seus pais preparavam uma ceia especial. O aroma de peru assado, arroz com passas e a tradicional rabanada enchia o apartamento, criando uma atmosfera acolhedora e festiva. Cada momento parecia mais mágico que o anterior, cada sorriso mais genuíno e cada abraço mais caloroso.
No final do dia, enquanto a família se reunia ao redor da mesa para compartilhar a refeição, ela percebeu que o Natal era muito mais do que presentes. Era sobre estar juntos, compartilhar amor e criar memórias que durariam para sempre. Ela olhou para seus pais e seu irmão com um novo sentimento de gratidão. O Papai Noel podia não ter vindo pela chaminé, mas a magia do Natal certamente encontrara um caminho até o coração dela.
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