Poemas

A vulnerabilidade chegana espera de uma consulta médica.Chega nas correntezas de rugasdoadas pela velhice,num domingo tedioso qualquer.chega num abraço sem percepção dado pela pessoa de quem você gosta,num “eu te amo” dito distraídoou na falta de nunca ter ouvido um.Chega na contemplação da doença terminal,na seção de quimioterapia,na cirurgia cardíaca,na comparação com a vastidão do…

Estou na lateral.Vejo a luatanto minhaquanto sua.Em oculto,atrás da janela,o medodo sujeitodentrodo próprioincômododa casamal assombrada,[mal resolvida].

Poucas coisas são tangíveis:o copoo corpoo cúmplice.Dessas coisas tenhoo copoe o corpo.Falta-me o cúmplice. Vida,você topa?

Bate à portaa reinvenção do inesperadoabruptamente a vida corróio incorruptívela vida é corrosivo.

Começou a demolição de paredese duas ideias de morte foram confrontadas: fim das pessoasfim das coisas A primeira é Morte em pessoa.A segunda é apenas morteou será sorte?

Sou o intervaloentre um pássarosedento de águae o desejode amar imensamente Se para vivereu precisarcortaro laçodo passarinheiro,eu me desfaçodas migalhasde um amor qualquer,por inteiro.

o mundo carrega,sobre as costas,a vastidão de coisascolocadas na caixinhade música que o fardo lhe seja levee a canção pise de mansinhona garganta poliglotado colibri desenhadopelas mãos do criador.

teu sobrenaturalgrita [palavras de confortoa quem estabeleceo manifesto desregrado] a voz é ouvidaa muitas distânciase o perdão é inevitável que o manifesto sejaa partir de agora,no mínimo, palatável.

És matéria heterogênea.O químico olha para ti,vê um copo de água insuportável,vê um líquido.Não és uma solução,és mistura heterogêneaintensa na solidão.