Poemas

Ao separar o joio do trigo, fiquei intrigada.

A câmera captao tatoo palatoa palma do sapato.Às seis da manhã,meia hora a mais,há menos tempoe corre lá forao eu a contentoe colho o instantedo dia de agora.Esqueço do solque a tudo devoraesqueço as chaveseu perco a horaresta-me o tatoo palatoareia e sale o par de sapatos. Poema declamado no podcast TOMA AÍ UM POEMA,…

Vejo dois mundos:um rompe comigo,o outro rompe contigo.— Eita mundo pequeno!

O sol escondeu-se devagarinho.Rompeu com a multidão.

Tirou os excessoscortou pela raiz. Perdeu-se

Olhar de foratraduz o corte inteiroao ver o euno teu espelho.

Mais de oitenta luas em Saturnoem nenhuma encontrei meu amor.Onde ele se escondeu?vou procurar de novo,afinal de contas,o mundo é um ovo. Inspirada na obra “O ovo”, 1928 – de Tarsila Amaral

Hoje acordei pensandona origem de todas as coisas.Da vidaduvidode tudo:do caosao absurdo,com exceçãode Deus,que suportameus excessos.Só mesmoum “milagre grego”pra me redimir.

De norte a sul,o ritmo aceleradoesconde a alma corrompidapela sombra maligna.Invoca a luza que tem direito,mas os ouvidos estãotodos fechados.Mantém os destroçosem estado de alerta.Clama por socorro.Se nada conseguir,restam-lhe os ossos. Texto criado com inspiração na fotografia da Série PB, de Marc Riachi.

Nos intervalosas sobrasdão um grito de alertae manifestam-seno poema à parte. A sorte é de quemlê e experimenta o doceda letra estranha e perpetua.O gosto pela palavra jogada foraque ontem era restohoje é memória. Poema publicado na Revista Desvario, em fevereiro de 2022.