Sonetos

  • Soneto XIII

    Se és a tua presença causadora de temorDiante daqueles que são menores, A minha não causa espanto e tão pouco pavor,Mas sim a calmaria de momentos melhores. De nada vale teu ódio e bravura,Que por fragilidade é sempre lançado para baixo,Se em teu coração não há formosuraE tu dormes aos prantos, cabisbaixo. Não me entristece pensar…

  • Soneto XII

    Quando vejo que a hora chegou,Arde minh’alma em desesperoE em anseio exalta o mundo que nunca amou,Mas o vive a sorrir em intempero. Se são nas noites que espreita o perigo,Nas avenidas, esquinas e praças,Vá mais cedo e não conte comigoE nem com as divinas graças. Em seguida, apresso-me a partirNão espero o dia chegarA…

  • Soneto XI

    Na brisa de um Brasil brasileiro, Em frente às águas, floresta e riqueza,Não caio no engano de um Brasil verdadeiro:União e reconstrução apenas da pobreza. A riqueza de uma nação:Qual é a brasileira?A base rasteja penando no chão E a nobreza acende a churrasqueira? A cultura é do povoE vem sendo expropriada pela elitePrestes a destruir tudo…

  • Soneto X

    Vendo.Parado vendo eles adormecemCom a visão de um fogo ardendoAqueles que não a merecem. Profano.Profano eu vejo aqueles que adormecem E roncam como um tirano Vendo o tédio que neles crescem. Vendo.Vendo esta casa morta de Pau Brasil Pensando naqueles que morreram sofrendo. Eu vendo essa independênciaOu troco pela liberdade Daqueles que sofreram pela aparência.

  • Soneto IX

    A curva nessa estrada é sinuosa,O sol é quenteE a corrida é perigosa,Melindrosa e descontente. Quando o vento carrega poeira,Carrega também toda a corE passa cinza a vida inteira Esperando ajuda do senhor. Vegetação é só monocultura,Todos são passíveis a intempéries do tempo,Mas a usina tem o capital em boa estrutura. O povo sofre em construir Esperando…

  • Soneto VIII

    Tem muita gente, comida e vinagrete As crianças correm no quintal;Bate o sol e nos olhos ele reflete,Os adultos riem num grande astral. Lá fora o som estremece a estrutura,Os ratos correm quando chega o anoitecer E a moça esbanja formosura A quem o tempo merecer. Lá embaixo a gente se entorpece,Fala alto e reclama De um mundo que…

  • Soneto VII

    Acordo hoje inconformado,Leio o jornal, que há muito não o faço,E vejo um Brasil conformado Envolto de velhos paradigmas em forma de abraço. O que hoje me rodeia são tentações E algumas conquistas Que correm riscos de inundações Da mágoa alheia dos velhos moralistas. O dia ilumina-se propício Para alguma esquizofrenáliaOu fogueira beira precipício. Precipício tornaram-se as expectativas Naqueles arcaicos “modelos…

  • Soneto VI

    Dia do trabalhador,Triste extração da mais-valia;Mas com tanto sofrimento e dor,Passa o feriado a pensar no que tanto queria. Incansavelmente, nada se alcança Os dias passam e a carruagem patina na lamaA cada semana é nova expropriação que se lança E nos jornais há quem aclama. Políticas representativas O Brasil tem muitasE há sempre fracasso nas tentativas. O…

  • Soneto V

    Não há nada como acabar,Uma noite acabar em satisfação Ou numa conversa de barAo som de uma bela canção. Desligar: não há nada melhor,Desligar-se da vida rotineiraE, sem poupar esforço maior,Cuidar e não limitar fronteira. Matar a sede de orgulho,Respirar no orvalho da manhã Longe de qualquer barulho. Senão com os pássaros e o vento na janela,Não…

  • Soneto IV

    O suor cai sobre a obraComo na garrafa, o café;A poeira que inala e sobraTosse esperança e fé. As nuvens carregam o penadoQue na mesma noite deságua E o deixam injuriado De um vento que seca toda a mágoa. Dr. Pacheco sofre o que constrói,Sacode a poeira sujeira rasteira E engole o que corrói. Chega a hora de…